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02
Seg

Quando deixamos de ser apenas filha
Ninguém explica para gente o que acontece quando deixamos de ser somente filha. Ninguém diz que o tempo não será mais nosso e sim do outro. Daquele ser que decidimos gerar ou cuidar. Pode “nascer” da barriga ou do “coração”. Mas, que nasce primeiro em nós. Na decisão de sermos não mais somente filhos. Ninguém fala das noites em claro. E das preocupações. E da nova organização financeira a ser realizada. Ninguém comenta as angústias quando o outro cai, escorrega, machuca, chora. E das indecisões frente a remédio, médico, local de lazer, escola, etc. Nada!
Por isso, vou contar um pouco como aconteceu comigo quando descobri que estava deixando de ser APENAS filha. Deixei de ser somente filha quando ouvi um coração a mais vindo de dentro do próprio corpo. Quando comecei a ver a barriga crescer sem parar. Deixei de ser somente filha quando senti chutes e movimentos incansáveis de dentro de mim mesma. E emocione-me infinitamente quando ouvi, enfim, o primeiro choro dela. Daquela bebezinha cabeluda que nasceu num dia de verão escaldante, em Santa Maria.
E me desesperei na primeira “dor de barriga”. E como foram intermináveis os minutos de vacinas. Quantas vezes choramos junto? E o quanto foi difícil a amamentação. Doeu. Chorei achando que não ia conseguir alimentar meu amor maior. Quando consegui foi uma grande vitória! E me senti a pessoa mais importante do mundo. Ao menos, para ela. E que felicidade o primeiro dia na Escola. E a angústia de deixar “sozinha” num novo ambiente que não a nossa própria casa. E de repente novos amigos e amiguinhas. E seguem-se aniversários vários. Muitas festinhas infantis. Muitas trocas com outros pais e mães. E novas "pessoinhas" surgindo vindas da nova rede de relações que nosso filho proporciona. E chega a fase difícil da adolescência. E eu achava que meus pais eram “caretas” e nem me dei conta que no final estava repetindo algumas exatamente como eles. Agora me transformei em motorista das festinhas, da saída do cinema. A conselheira sem fim. A psicóloga de plantão. E de repete agrego novos conhecimentos. Aqueles das bandas que a filha curte. As gírias da modinha.
Deixei de ser somente filha quando percebi que me tornei parte e responsável por alguém para sempre. Transformei-me em alguém muito especial. A partir de algo que permite os sentimentos mais sublimes. E que é difícil explicar. Basta sentir. Principalmente quando se é chamada de MÃE. Benditas aquelas que escolhem amar sem limites. E ter a sorte de encontrar seu filho ou filha, vindos da barriga ou não, para compartilhar amor, tempo e cuidado. Feliz dia das Mães!

Andressa da Costa Farias
Professora de Português e Literatura do CSC



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