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INQUIETUDES E ENCANTAMENTOS DE UMA PROFESSORA DE ARTES VISUAIS NA ESCOLA

As questões que envolvem o fazer artístico, criatividade e a sensibilidade permeiam o currículo da escola, contudo, pensar e fazer Arte nem sempre é tranqüilo e prazeroso como gostaríamos que fosse. Essa inquietude aparece nas discussões em sala, nas dificuldades dos saberes e não saberes, por isso, ressalto aqui a intranqüilidade do conhecimento, com um sentimento que pode impulsionar o pensamento sobre estas questões que busco dividir com você leitor. 
O fazer artístico na contemporaneidade esta permeado de discussões e dúvidas que são geradas e geradoras do ambiente escolar. Nossa rotina é permeada de retomadas, idas e vindas, que nos remetem a algumas questões que serão apontadas aqui apenas como reflexões e questionamentos. Que estas questões gerem outras ressignificações de nossa prática pedagógica em Arte transformando inquietude em encantamento e fruição. 
Uma questão sobre Arte que desafia professores da disciplina, pais e alunos, relaciona-se a produção artística. Na escola criamos produtos? Objetos artísticos? Mercadorias? Ou buscamos motivar processos criativos? Devemos priorizar o aluno e suas ideias ou coisificar o produto de arte produzido por ele? Produzir experiências relacionadas à Arte seus códigos, seu alfabeto visual e a cultura visual que esta totalidade forma e informa? Valorizar o novo ou a novidade como ampliação do olhar e encantamento ou simplesmente repassar informações? 
Intervir no desenho do aluno ou permitir ingenuamente que a imaginação e criatividade fluam simplesmente? 
A sensibilidade. O que teria acontecido com ela dentro da escola? Será que ela foi dominada pelo universo do mercado cultural que prevê somente a alguns o direito da produção artística e a maioria o dever de consumir? 
Não busco apenas respostas a estas questões, mas penso que rever o potencial crítico em relação à produção visual na escola é uma questão importante e que caminha lado a lado com o universo cultural. Nessa trajetória busco colocar o papel da Arte na escola como destaque, estabelecendo um elo entre o sujeito criativo e o aluno participativo, investindo na Arte como fonte de conhecimento e como exercício da criatividade. 
Aqui no Colégio Santa Catarina,  em 2018,  a Arte promoverá mergulhos em vários universos e saberes artísticos: da Arte Primitiva como o perturbador inicio de tudo e todos,  à  Arte Contemporânea rompendo com o tradicional e assim as supostas quebras dos conceitos de Belo e Feio,  perpassando pelos contextos da Arte Popular Brasileira, suas cores, formas, a alegria contida em cada produção brasileira e popular, a Fotografia enquanto Arte  com seu clique mágico que liberta a memória da imagem e produz ressignificações por todos os contextos por onde caminhar. Pensar o grafite enquanto Arte, o Universo artístico local, e mais muito mais...  E como precisamos disso! 
E assim, ficam claras as inter relações entre a história da Arte e como nos construímos como apreciadores e produtores da mesma, no ambiente escolar. 
Nesta viagem o aluno é convidado a criar através da sua fruição e a desenvolver a observação sensível através das imagens: não apenas uma atitude contemplativa da Arte mas uma interferência na subjetividade, motivando e recriando percepções diferenciadas da expressão humana que são demonstradas através da Imagem.
É no exercício da imaginação e a partir de um continente cultural que buscamos e produzimos Arte na vida. Penso ser essa uma necessidade humana. A contemplação e a experimentação em Arte devem ser mediadas pelo conhecimento e pelo entendimento, concordâncias e discordâncias sobre questões, fatos e acontecimentos, que se tornam o grande elo entre o aluno e seu contexto escolar.  O percurso é do aluno e sua produção não é o fim da sua experiência educativa. 
Uma experiência artística prevê um encontro consigo e com o grupo: ao instigar o aluno a pensar e refletir sobre Arte e história, estou propondo a busca de uma interioridade coletiva, relacionada ao fazer estético sim, mas também a trajetória da vida deste aluno. Esta experiência criativa é um processo de vivência com a imaginação, a intuição e a sensibilidade. Prática incomum num mundo de produtos e coisas, mas exercício necessário, que dá a vida ao currículo e que faz da dificuldade do fazer Arte na escola o próprio processo criativo com seu grupo. E assim iniciamos nosso trabalho e nosso olhar em 2018. 

Evani Barbosa
Professora de Artes do CSC



(1) comentários

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COMENTÁRIOS

Patrícia da Silva Bittencourt07/04/2018 às 22:09:36

Parabéns professora Evani. Além das várias possibilidades citadas no texto, a arte trabalhada em sala é uma grande aliada no desenvolvimento da afetividade e como facilitadora do processo ensino - aprendizagem.