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09
Seg

Segundo James William Fowler, psicólogo e teólogo americano, a fé ultrapassa a adesão a uma religião e emerge das relações da pessoa desde os primeiros anos de vida. O sentido religioso assenta-se na matriz relacional e a fé humana é a base da fé religiosa. A fé é inerente a personalidade humana e engloba a construção dos relacionamentos e dos propósitos e significados da vida. 

O desejo do encontro nasce com o ser humano
O olhar afetivo do bebê para a mãe e da mãe para o bebê é algo transcendental. Tal disposição para a sintonia afetiva favorece a experiência de encantamento e admiração de algo e alguém que está dentro e além de si mesmo.

A Disposição para a fé evolui com a personalidade
A teoria de Fowler publicada em 1981, na obra “Os Estágios da Fé” mostra os estágios da fé como processo evolutivo, no qual ocorre uma mudança na expressão de fé de uma pessoa de acordo com cada ciclo da vida.
Eis um resumo dos estágios da fé segundo Fowler:

1)    Pré-estágio da fé indiferenciada (0 a 2 anos)
Depende da maturação biológica do organismo e envolve a confiança emocional que constitui a base para o desenvolvimento da fé.

2)    Fé intuitivo-projetiva (dos 2 aos 6 anos) 
Neste estágio, formam-se as imagens religiosas. A criança, ainda centrada em si mesma, começa a ter consciência das proibições e normas morais, bem como a conhecer a dimensão religiosa através das experiências familiares. A fé fantasiosa é marcante nesta fase.

3)    Fé mítico-literal (dos 7 aos 12 anos) 
A criança começa a perceber as perspectivas do outro, apropriando-se de forma literal das crenças, símbolos e regras, bem como aprende a distinguir fantasia de realidade.

4)    Fé sintético-convencional (dos 12 aos 18 anos)
Surge na adolescência e amplia a experiência de mundo para além da família. É um estágio conformista, no qual a pessoa não possui percepção segura da nova identidade. Assume uma ideologia, mas não tem reflexão crítica sobre ela. As avaliações dos outros, internalizadas, são limitações deste estágio, gerando conflitos nas relações interpessoais e na relação com Deus.


5)    Fé individuativa-reflexiva (dos 18 aos 25 anos)
A pessoa começa assumir a responsabilidade, compromissos, estilos de vida, crenças, bem como conhece a complexidade da vida. A capacidade de refletir sobre a própria identidade e a capacidade de compreender os significados da pessoa ou de seu grupo é a força emergente deste estágio. 

6)    Fé conjuntiva (após os 25 anos)
Nesta fase a pessoa retoma as experiências vividas e adquire consciência crítica de si mesma. A capacidade de compreender os mais poderosos significados da pessoa ou de seu grupo constitui a força emergente deste estágio.

7)    Fé universalizante
É atribuída à maturidade, sem idade específica. A característica básica é o engajamento em uma comunidade humana e o compromisso com a transformação da realidade, visando os valores transcendentais. As pessoas universalizantes são contagiantes como: Gandhi, Luther King, Madre Tereza de Calcutá, entre outros.

Implicâncias da teoria de Fowler no Ensino Religioso
O Ensino Religioso, como área de conhecimento, deve priorizar o desenvolvimento humano e religioso.
Dessa maneira, a educação contribuirá para a formação de cidadãos éticos, críticos, criativos, solidários, e acima de tudo, comprometidos com a promoção da vida e de todos os seres vivos.
É preciso que o Ensino Religioso ultrapasse os limites do “ensinar” e avance na dinâmica do aprender a conhecer, fazer, conviver e ser, a partir de uma experiência relacional da fé de cada educando.

(Referência: Fowler, James. Estágios da fé, psicologia do desenvolvimento humano e busca de sentido. São Leopoldo: Sinodal, 1992).

Prof. Antonio Zani Suski
Professor de Ensino Religioso do CSC

 

 



(1) comentários

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COMENTÁRIOS

Luciane Albuquerque10/06/2014 às 14:14:28

"A fé move montanhas". Esperemos que nossa humanidade tão carente de verdadeiros exemplos encontre no Transcendete o estímulo à boa vida.